Num horizonte que não passa de 10 anos atrás, as grandes corporações se tornaram as pioneiras e patrocinadoras na implementação de robustos programas de Compliance.

Certamente os grandes escândalos de corrupção e relações promíscuas entres estas grandes corporações e autoridades governamentais, em vários países do mundo, acabaram chegando ao conhecimento da opinião pública que passou a fazer uma grande pressão para uma atuação idônea e transparente de tais entidades.

Estas grandes corporações possuem uma maior capacidade de absorver e repassar estes novos custos e puderam criar equipes e estruturas dedicadas exclusivamente ao tema do Compliance.

Já com relação ás pequenas e médias empresas, especialmente no Brasil onde já existem vários outros fatores econômicos que dificultam a sobrevivência empresarial, não é tão simples assim a adição de uma nova atividade com uma nova estrutura exclusiva para tratar do tema. Mesmo reconhecendo que tal atividade está se tornando cada vez mais vital para a própria sobrevivência no mercado, as organizações mais modestas têm que buscar uma forma mais simples e criativa de INCORPORAR as ações de Compliance às suas rotinas normais, com o mínimo de custos adicionais e sem atrapalhar (engessar) a maneira da empresa operar. 

Nas empresas menores, sejam elas familiares ou profissionalizadas, os recursos têm que ser utilizados com extrema sabedoria, pois não há margens para erros ou desperdícios. 

O grande segredo do sucesso para a implementação de um eficiente e robusto sistema de Compliance nas pequenas e médias empresas é a realização de uma PREPARAÇÃO muito cuidadosa, permitindo que os colaboradores sejam devidamente TREINADOS e possam realizar as adequações por si próprios, tendo assim a chance de otimizar os processos que eles mesmos operam, ao mesmo tempo que atendem todo o rigor necessário ao Compliance.

O pior erro que o Gestor de uma empresa pode cometer é querer implementar pacotes prontos de Compliance, como se isso pudesse ser comprado num supermercado. Não adianta enviar um funcionário para um treinamento de Compliance numa destas consultorias famosas do mercado para um workshop de uma semana e esperar que retorne para casa o salvador da pátria. Isso não funciona. Simples assim. 

O Compliance precisa ser absorvido naturalmente simultaneamente por todos os órgãos da empresa, através da corrente sanguínea. para que possa ser vivido e exercitado sem esforços adicionais. Para isso é fundamental que o processo de INSTRUÇÃO INICIAL seja CUSTOMIZADO e considere todas as particularidades relevantes da empresa, tais como o mercado em que atua, os meios de produção, o perfil dos colaboradores, clientes e fornecedores, agentes públicos, sociedade.

É possível ser simples, prático e exercer o Compliance na sua integridade. E ainda é possível fazer tudo isso com custos razoáveis e de forma visível, podendo-se demonstrar com evidências palpáveis que o Compliance naquele local existe de forma plena e não somente como atividade secundária, feita precariamente para “Inglês ver”.