A tensão era insuportável. A linha de produção do cliente finalmente concluiu a fabricação do lote destinado para uma exportação. O container acabara de ser estufado e agora toda a responsabilidade estava com a transportadora que iria levar a carga até o porto, para embarque.

A escala do navio era bem apertada e estavam prestes a zarpar. Se aquela janela de embarque não fosse alcançada, a próxima embarcação somente estaria disponível em duas semanas, o que iria arruinar a exportação por via marítima. Neste caso somente duas alternativas restariam, ambas inaceitáveis: Ou o cliente do exterior iria cancelar o pedido ou teriam que exportar parte da carga por via aérea, o que encareceria a logística e tornaria a venda deficitária.

Toda a pressão agora estava sobre o motorista do caminhão. Mesmo que o transporte fosse monitorado por via de rastreamento eletrônico, incontáveis ligações telefônicas eram feitas pelo fabricante (cliente) para a transportadora para garantir que tudo estava sob controle. 

Por sua vez, o Diretor da transportadora ligava constantemente para o celular do motorista para se certificar que tudo estava bem

Por fim o motorista liga para o patrão dizendo que tinha chegado no porto um pouco além do prazo limite, mas que tinha dado um jeito de incluir o container no embarque que estava prestes a partir.

Sentindo-se aliviado, o Diretor da transportadora não tarda em dar a boa nova ao cliente (fabricante), dizendo que a parada estava resolvida. E, de fato, o container fora embarcado naquele navio do dia, para alívio de todos.

Ao retornar à transportadora a noite, o motorista foi até o Diretor para contar os detalhes da aventura. Ele bravateou que, se não fosse esperto, a “casa teria caído”. Curioso, o Diretor perguntou por que dizia aquilo.

“ – Na verdade eu cheguei no porto um pouco além do prazo limite. Já não seria possível desembarcar o container para aquele embarque, porém, como eu conhecia o responsável pela entrada na área portuária, que é meu camarada, eu ofereci para ele uma caixinha para que ele desse um jeitinho. E foi o que ele fez. Acabou me deixando passar, mesmo fora do horário permitido, e pude desovar o container no final da fila, mas ainda a tempo para o embarque. Eu só preciso que o senhor me reponha o dinheiro, por que tirei do meu bolso. ”

O que você faria se fosse o Diretor da Transportadora?

A nova série da Letrah “O Jeitinho Brasileiro” é baseadas em fatos reais.